sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Giovanni Fim - Produção textual dos alunos dos 3º anos EE Rafael de Oliveira

As próximas postagens serão textos dos meus alunos do 3º ano do Ensino Médio sobre o nazismo. A proposta era escrever carta ou artigo de opinião sobre o tema. 
As produções ficaram fantásticas!!! Muitas me emocionaram...

Façam uma excelente leitura e boa viagem!!!

Autor: Giovanni Fim

28 de agosto de 1935

Wolfgam, se você estiver lendo isto, diga ao pai e à mãe que eu estarei bem, e voltarei a enviar cartas novas assim que possível. Pouparei palavras de saudades, pois não seria a mesma coisa que encontrá-los e abraçá-los novamente. Por favor, leia atentamente esta carta para que saibam onde estou e onde estarei, e como foi minha experiência.
Graças a Deus esse nacionalismo e racismo perverso não durou muito comigo. Não consigo acreditar que o ser humano é capaz de tudo isso. Nossos confrades, irmãos de pátria, com ódio de nossa cultura e religião? Acho que não entendi o motivo ainda... Parece tão estúpido! Ainda mais quando vemos as novas tecnologias alemã surgindo. Militarismo de dar medo!
Vieram em um jipe militar seis soldados armados enquanto eu trabalhava no bar do Hanz. Entraram com olhares determinados e armas de prontidão. Hanz, ao meu lado, sacou duas pistolas da gaveta em sua frene, e por trás do balcão, trocou tiros contra o pequeno grupo. Tudo pareceu ficar lento. Muito lento. Lascas de madeira, vidro, fumaça, cápsulas... para todos os lados.
Hanz matou dois deles e numa reação quase automática, os nazistas exterminaram os fregueses sem a menor piedade. Abaixei no balcão e fiquei congelado, apenas ouvindo e sentindo. Vi o cozinheiro saindo da cozinha pelas portas duplas com uma metralhadora pintada de sangue, atirando pelas janelas e paredes, varando corpos, até que ele levou um tiro e caiu sem vida na minha frente. Aproveitamos o momento de silêncio para saber mais sobre os movimentos inimigos, e decidimos correr para a porta da frente, pois haveria um flanqueamento. Conseguimos roubar o jipe deles, cheio de armas e munição.
Eu e Hanz pegamos uma estrada de terra, e andamos por quatro horas até o combustível acabar. Nesse meio tempo achamos uniformes e sobretudo nazistas. Decidimos vesti-los por precaução, até que passamos por outro jipe lotado de vermes.
A gasolina acabou em uma cidade esburacada, descascada, e que cheirava carne queimada. Nevava cinzas no momento em que chegamos, e ela estava vazia. Aparentemente vazia... Até encontrarmos em pedaço de pão chamuscado, que nos serviu como combustível para a nossa mísera fome. Vimos uma criança viva, na porta de uma casa, assustada, e olhando para nós enquanto comíamos, e gritou um  nome que não pude ouvir.
Homens saíram da casa, e pude ver ódio em seus rostos. Logo disse que estava disfarçado e que também era judeu, e eles, mais necessitados que eu e Hanz, nos ajudaram.
Enviei esta carta da cidade Wetzlar, em Hersen, por um pombo correio que não faço ideia se chegará em você - e nem como isso acontecerá. Estarei em Wetzlar por mais algumas semanas, já que tenho certeza que esta cidade não será massacrada novamente; então será seguro. Deus queira que seja.
Caso queira me procurar,estarei em um prédio descascado, verde e com barricadas nas entradas. Ele se localiza no centro da cidade e é o prédio mais alto. Depois dessas semanas, irei em busca de vocês. Nem que seja a última coisa que farei. Quanto a Hanz, ele também enviou uma carta, e não iremos nos separar tão cedo.
Continuaremos resistindo. Cuidem-se.
Abraços.

Wilhelm



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